Um estudo de 2015 publicado no Journal Psychology & Behavior (1) com pessoas saudáveis conseguiu estabelecer uma associação entre os fitonutrientes da beterraba e as melhorias no desempenho cognitivo.
As medições foram realizadas, através de testes específicos, 90 minutos após beberem o sumo de beterraba.
É extraordinário que os resultados desta amostra demonstrem que o desempenho do cérebro pode ser melhorado de forma bastante rápida com o simples gesto de beber sumo de beterraba. Sumo este, rico em nitratos alimentares, o que leva a um aumento do óxido nítrico que, por sua vez, ajuda a melhorar o fluxo de oxigénio no cérebro.
Os nitratos derivados dos vegetais são consumidos como parte de uma dieta normal e são reduzidos, via endógena, de nitrito a óxido nítrico.
Neste estudo, demonstrou-se que o sumo de beterraba pode melhorar a função endotelial, reduzir a pressão arterial e o gasto de oxigénio nos exercícios intensos e aumentar a perfusão regional no cérebro.
Este trabalho de investigação avaliou os efeitos do nitrato na dieta sobre o desempenho cognitivo e os parâmetros do fluxo sanguíneo cerebral do córtex pré-frontal (CBF) em adultos saudáveis.
Neste estudo, duplo-cego, randomizado, com grupos de estudo paralelos e grupos controlados por placebo, 40 adultos saudáveis foram divididos em dois grupos.
O 1º grupo ingeriu o sumo placebo (maçã/sumo de groselha que são pobres em nitratos)
O 2º grupo ingeriu 450ml (nitrato de 5,5 mmol) de sumo de beterraba.
Passado 90 minutos da ingestão/absorção do sumo, os participantes realizaram uma sequência de tarefas cognitivas que activaram o córtex frontal durante 54min.
Através da Espectroscopia de Infravermelho (NIRS) foi monitorizado o fluxo sanguíneo cerebral do córtex pré-frontal e a hemodinâmica, indexados por mudanças de concentração de hemoglobina oxigenada e desoxigenada no córtex frontal por toda parte.
A bioconversão de nitrato para nitrito foi confirmada no plasma por quimioluminescência tendo por base o ozono.
O nitrato da dieta modulou a resposta hemodinâmica ao desempenho de tarefas, com um aumento inicial no fluxo sanguíneo cerebral do córtex pré-frontal (CBF) no período inicial da tarefa, seguido de reduções consistentes durante as tarefas menos exigentes.
Estes resultados mostram que a administração de uma única dose de nitrato dietético consegue modular a resposta do fluxo sanguíneo cerebral do córtex pré-frontal (CBF) para o desempenho de tarefas e pode potencialmente melhorar o desempenho cognitivo.
Sugere ainda um possível mecanismo pelo qual o consumo de vegetais pode ter efeitos benéficos sobre a função cerebral.
Como podemos observar, a intervenção com o sumo de beterraba resultou na modulação da resposta hemodinâmica (RH) no córtex pré-frontal durante a realização das tarefas.
Em neurobiologia a RH envolve a entrega rápida de sangue para os tecidos neuronais activos. Os efeitos vasodilatadores do nitrato de beterraba e o aumento subsequente de oxigénio e outros nutrientes pode ajudar a explicar as melhorias na função cognitiva no grupo de intervenção.
É bastante surpreendente que uma única dose de sumo de beterraba (450 ml), possa resultar em melhorias quase imediatas na cognição.
Este é um bom augúrio para aqueles que procuram uma opção viável para o café ou o chá, uma vez que os utilizadores habituais de tais bebidas estimulantes desejam efeitos imediatos. A diferença aqui, é claro, é que as beterrabas são um alimento e, portanto, pode ser considerado um agente de suporte mais sustentável e nutritivo para o cérebro.
Além disso, a beterraba é um alimento repleto de nutrientes carregando uma ampla gama de benefícios colaterais, que incluem benefícios cardiovasculares, prevenção do cancro e apoio ao funcionamento do fígado.
Nota: Em Junho de 2011, um estudo publicado no Journal of Functional Foods, concluiu que um “shot” de 70 ml de sumo de beterraba era o suficiente para reforçar os nossos níveis de antioxidantes.
Segundo os investigadores, esse “shot” de beterraba fornece uma elevada quantidade de antioxidantes biodisponiveis, sendo uma forma económica e de fácil acesso para reforçar o nosso estado nutricional.
1- Physiology & Behavior, Volume 149, 1 October 2015, Pages 149–158
2- Eur J Appl Physiol. 2015 Apr 7.