Vivemos num mundo patriarcal, numa sociedade que privilegia a energia masculina, a ação, o fazer, a produtividade incansável, a rotina.
É uma realidade com a qual lidamos todos os dias, sem questionar, porque foi assim que fomos educados. No entanto, nós, mulheres, somos regidas por ciclos.
Ser mulher significa ser cíclica: passamos pela infância, menarca, sexualidade, maternidade e menopausa.
Durante a nossa fase fértil, desde a menarca até à menopausa, experienciamos o ciclo menstrual. Aprendemos na escola e com as mulheres da nossa vida, noções básicas acerca deste. No entanto, existem muitas coisas que ninguém nos conta acerca do ciclo menstrual, da nossa fertilidade e do que é ser mulher.
O nosso ciclo menstrual é muito mais do que menstruar.
Na verdade, o seu principal evento é a ovulação. Em todos os ciclos, o nosso corpo prepara-se, através de uma série de complexos mecanismos, para gerar e acolher uma nova vida. Este fenómeno é um sinal de fertilidade e de saúde. Deste modo, o ciclo menstrual é um sinal vital.
O nosso corpo avisa-nos, se estivermos dispostas a escutá-lo, se algo não estiver bem. Alerta-nos através de sinais e sintomas que muitas vezes escolhemos ignorar.

Um exemplo:
Uma menina que tem muitas dores menstruais e decide procurar ajuda, muitas vezes é confrontada com apenas uma solução: a pílula. Sem conhecer as suas opções, acaba por pensar que é a sua única escolha.
Após anos a tomar a pílula (que mascara o problema e não o trata de facto), essa mulher pode perceber que o problema continua lá.
A pílula (ou outro contracetivo hormonal) pode ser vista como um penso rápido colocado por cima de uma ferida que necessita de um tratamento especializado: quando o retiramos, mais cedo ou mais tarde, vamos precisar de a tratar. Muitas mulheres podem identificar-se com esta história.
Monitorizar o ciclo menstrual e conhecer o nosso corpo dá-nos muitas respostas acerca da nossa saúde, ajuda-nos a compreender a nossa ciclicidade e trabalhar com ela, evitando assim frustrações e que exijamos demasiado de nós mesmas. É, também, possível delimitar a nossa janela fértil para nos ajudar a evitar ou alcançar uma gravidez.
A observação e registo dos biomarcadores do ciclo menstrual (também chamados de indicadores de fertilidade), como o muco cervical, a temperatura basal e as características do colo do útero, ajudam a mulher a conhecer o seu corpo.
Quando a mulher conhece as características de um ciclo saudável e aprende a reconhecer os seus padrões, consegue facilmente identificar potenciais irregularidades no seu próprio ciclo e, assim procurar ajuda para atuar precocemente, antes que essa irregularidade se transforme em doença.
É tão importante empoderar as mulheres para que possam tomar decisões informadas e conscientes. Isto apenas se consegue com literacia corporal e conhecimento acerca dos seus corpos e das suas escolhas.
Texto da autoria de: Inês Martins Almeida
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[…] a gravidez pode realmente ser desafiante, principalmente quando já vamos a meio do percurso. Eu felizmente nunca tive refluxo durante a […]