É comum ainda existiram receios acerca dos bebés e crianças que crescem seguindo um padrão alimentar vegetariano.
Mas será que é assim tão desafiante e assustador criar uma criança segundo os padrões de uma alimentação de base vegetal?
Deixo-vos o artigo traduzido e adaptado do PhysiciansCommittee sobre os factos.
Uma alimentação de base vegetal bem planeada e suplementada com vitamina B12 oferece todos os nutrientes necessários em todas as fases da infância, desde o nascimento até à adolescência.
As crianças que mantêm uma alimentação vegetariana nutritiva não só crescem fortes e saudáveis, como também vêem diminuído o risco de desenvolver obesidade, colesterol elevado, hipertensão, doenças cardíacas e diabetes tipo 2.
Factos que mostram que as dietas à base de plantas apoiam o crescimento saudável das crianças:
1. As dietas vegetarianas são seguras em todas as fases da vida:
A American Dietetic Association afirma[1] que as dietas vegetarianas bem planeadas e suplementadas com vitamina B12 “são apropriadas para todas as fases do ciclo de vida, incluindo a infância e adolescência.”
O grupo cita evidências mostrando que as pessoas que seguem uma alimentação de base vegetal têm menores níveis de colesterol, pressão arterial e taxas mais baixas de doença cardíaca e diabetes tipo 2 do que os não vegetarianos. (www.andjrnl.org/article/S0002-8223(09)00700-7/abstract)
A Academy of Pediatrics concorda[2]: “Bem planeada, os padrões alimentares vegetarianos são saudáveis para crianças e bebés.”
2. A alimentação das crianças é severamente deficiente em fruta e vegetais:
Não são os produtos de origem animal que estão em falta nas dietas da maioria das crianças. São as frutas, os legumes, os cereais integrais e outros alimentos que têm efeitos protectores contra os maiores assassinos do mundo, incluindo as doenças cardíacas (1ª causa de morte em Portugal).
A maioria das crianças consome em excesso gordura saturada que entope as artérias e que é encontrado principalmente nos produtos lácteos e na carne[3].
3. Crianças com factores de risco para doenças cardíacas:
Um estudo[i] recente descobriu que 40% das crianças, com idades entre 6 e os 11 anos, já têm níveis elevados de colesterol e as taxas de hipertensão arterial[ii] também são cada vez mais comuns nas crianças.
Mais ainda, 1 em cada 3 crianças americanas[iii] e italianas[iv], têm excesso de peso ou são obesos, fazendo os riscos aumentarem.
Cerca de 70% das crianças obesas têm um ou mais factores de risco para doença cardiovascular. A doença cardiovascular é a principal causa de morte nos Estados Unidos e em Itália[v] (em Portugal também), onde as doenças do coração são responsáveis por 30% de todas as mortes.
No entanto, a alimentação vegetariana é praticamente isenta de colesterol e pobre em gordura saturada (quando bem estruturada).
Os estudos têm demonstrado que a alimentação vegetariana pode ajudar a prevenir, reverter e travar[vi] as doenças cardíacas nos adultos.
Um estudo da Cleveland Clinic lançado no ano passado mostrou que as dietas vegetarianas têm efeitos semelhantes[vii] nas crianças com excesso de peso.
As crianças no grupo vegetariano reduziram os níveis de pressão arterial e colesterol, diminuíram de peso e baixaram a sensibilidade a dois biomarcadores para a doença cardiovascular.
4. Aumento dos índices de diabetes Tipo 2:
Entre 2000 e 2009, a prevalência de diabetes tipo 2 disparou[viii] em mais de 30% nas crianças americanas.
Crianças com diabetes tipo 2 enfrentam um maior risco de complicações graves, como insuficiência renal, ataque cardíaco e acidente vascular cerebral. Se nada mudar, as projecções mostram que 1 em cada 3 crianças irá desenvolver diabetes tipo 2 em algum momento das suas vidas.
A nível global, a história é semelhante. As taxas de diabetes em todo o mundo têm disparado de 108 milhões em 1980 para 422 milhões em 2014.
Mas os estudos mostram que as pessoas que consomem dietas à base de plantas têm um menor risco de desenvolver diabetes tipo 2.
Como podes ver é seguro e saudável educar uma criança com base num regime alimentar vegetariano…até porque o problema não passa pelo tipo de alimentação que a criança recebe e sim pelo equilibro nutricional que pode estar tanto presente como ausente em QUALQUER regime alimentar.
Artigo original: www.pcrm.org/nbBlog/four-ways-vegan-diets-can-benefit-kids
[i] http://health.usnews.com/health-news/articles/2015/03/17/kids-bad-diets-may-mean-worse-health-as-adults
[ii] http://newsroom.heart.org/news/elevated-blood-pressure-increasing-among-children-adolescents
[iii]www.heart.org/HEARTORG/HealthyLiving/HealthyKids/ChildhoodObesity/Overweight-in-Children_UCM_304054_Article.jsp#.V636YpMrLEZ
[iv] www.oecd.org/els/health-systems/obesityandtheeconomicsofpreventionfitnotfat-italykeyfacts.htm
[v] www.istat.it/en/archive/140877
[vi] www.pcrm.org/health/heart
[vii] www.pcrm.org/health/medNews/plant-based-diets-lower-risk-of-heart-disease-in
[viii] www.usatoday.com/story/news/nation/2014/05/03/diabetes-rises-in-kids/8604213
[ix] www.who.int/mediacentre/factsheets/fs312/en
[3] www.hsph.harvard.edu/nutritionsource/top-food-sources-of-saturated-fat-in-the-us
[1] www.andjrnl.org/article/S0002-8223(09)00700-7/abstract
[2] www.eatright.org/resource/food/nutrition/vegetarian-and-special-diets/feeding-vegetarian-and-vegan-infants-and-toddlers
O mais irónico de tudo (para além de falta de informação) é que esse projecto "preocupa-se" tanto que um determinado tipo de alimentação faça mal às crianças mas, ao mesmo tempo, penaliza os pais com uma pena de prisão, o que os separará, obviamente, dos filhos menores. Nutrir os filhos sem crueldade animal não pode, mas deixá-los sem pais está na boa 🙂