As cólicas caracterizam-se por períodos prolongados de choro inconsolável do bebé e afetam cerca de 40% dos recém-nascidos.
A condição é muitas vezes descartada como trivial, mas deve ser tratada com seriedade porque o stress que causa pode contribuir para a depressão pós-parto, interferir com a amamentação e até levar à morte do recém-nascido por síndrome do bebé sacudido.
Os bebés choram por um motivo e não porque são difíceis ou chorões…quando tens cólicas sentes dor certo? Os bebés também!!
A profissão médica tem um historial escandaloso, não apenas por negar o alívio da dor da crianças, mas também por rotineiramente realizar cirurgias em crianças com pouca ou nenhuma anestesia na década de 1980.
Um caso famoso em 1985 foi do pequeno Jeffrey Lawson, que passou por uma cirurgia de coração aberto totalmente acordado e consciente. Apenas lhe deram uma droga para o paralisar de forma a não se contorcer.
Mas, tal como num filme de terror, ele não se podia mover, mas sentia tudo. Este cirurgião não era “especial de corrida”, pois torturar bebés era um procedimento padrão na década de 80, sim, há cerca de 3,5 décadas atrás (1980).
Eles pensavam que os bebés não sentiam dor.
Teoricamente, pensa-se que a dor da cólica tem origem num desconforto gastrointestinal, como cólicas intestinais.
Algumas gotas de uma solução de hortelã-pimenta conseguiu reduzir o número de episódios de cólicas para metade e reduziu o choro diário de três para duas horas, funcionando tão bem como a droga simeticone, mas a Academia Americana de Pediatria adverte sobre o uso de óleo de hortelã-pimenta em lactentes.
Um outro estudo verificou que a preparação de uma infusão de plantas medicinais pode ser útil, mas os pais foram aconselhados a não usá-la; não só por a infusão poder interferir com a continuidade da amamentação, mas também pela falta de regulamentação adequada. Por exemplo, a decocção de anis estrelado é commumente utilizado para cólicas. O anis estrelado chinês é considerado seguro e não tóxico, mas o anis estrelado japonês é venenoso. Eles parecem idênticos, mas o anis estrelado japonês contém uma neurotoxina potente e essa neurotoxina foi encontrada por contaminação em misturas de anis estrelado nos EUA.
E os arrotos à moda antiga?
Arrotar após a alimentação é normalmente aconselhada pelos profissionais de saúde para promover a expulsão de gases que se acumulam durante a alimentação, com o objectivo de diminuir o desconforto e os episódios de choro, mas a evidência científica para a eficácia desta técnica não havia, até que em 2014 foi realizado um ensaio aleatório controlado para a prevenção de cólicas e regurgitação em lactentes saudáveis.
Então, qual foi a conclusão?
Inúteis para cólica e pioraram a regurgitação. Os bebés que foram postos a arrotar, regurgitaram o dobro dos bebés que não foram postos a arrotar.
Então, qual o tratamento mais eficaz?
A eliminação da proteína do leite de vaca, pois pensa-se que a cólica pode ser um tipo de resposta alérgica. Décadas atrás, foi demonstrado que os bebés alimentados com leite de vaca desenvolveram anticorpos de resposta para as proteínas de origem bovina, o que pode explicar porque é que as cólicas
melhoram depois de se mudar de uma fórmula infantil de leite de vaca adaptada para uma fórmula de proteína hidrolisada hipoalergénica ou uma fórmula à base de soja.
No entanto, as crianças amamentadas têm taxas semelhantes de cólicas como os bebés alimentados com fórmula, porquê?
Possivelmente o leite materno de mães que bebem leite contêm proteínas do leite de vaca. Sabe-se que as proteínas do leite de vaca podem passar através do leite materno e causar certas reacções alérgicas graves, mas e as cólicas?
Com base em estudos de lactentes alimentados com fórmula, a cólica já era um sintoma bem conhecido de intolerância à proteína do leite de vaca na década de 70. Então, puseram a hipótese das cólicas em crianças amamentadas poderem ser causadas pelas proteínas do leite de vaca transmitidas da mãe para filho através do leite materno.
Fizeram então uma dieta livre de produtos lácteos para as mães que amamentam cujos filhos tinham cólicas.
De 19 crianças, a cólica desapareceu rapidamente em 13 crianças, e em 12 das 13 crianças, os investigadores conseguiram demonstrar que poderiam trazer de volta a cólica, desafiando as mães com um pouco de leite. Por exemplo, um bebé que ficou sem cólicas quase por completo após 1 dia da mãe ter eliminado os lacticínios e depois reaparecem após a mãe ingerir um pouco de leite de vaca.
Assim, os investigadores concluem que o tratamento para cólica infantil em crianças amamentadas é uma dieta isenta de leite de vaca para a mãe, uma recomendação que continua a este dia.