O Gengibre é uma planta originária da Ásia.
Tem sido muito utilizado na alimentação e na medicina para combater náuseas, principalmente aquelas que surgem nas viagens, durante os tratamentos de quimioterapia e na gravidez.
O gengibre é muito rico em fitoquímicos, onde, entre vários outros, podemos encontrar o ácido ascórbico, ácido aspártico, ácido glutâmico, ácido piperólico, amido, arginina, asparagina, borneol, canfeno, cineol, citral, farsenol, felandreno, fenilalanina, geraniol, gingediol, gingerol, glicina, linalol, resinas, saponinas, zingerona, zingibereno e zingiberol.
A nível das suas principais propriedades medicinais, destaca-se a sua utilização no tratamento e prevenção de enjôos (antiemética) nas grávidas, nas viagens e na quimioterapia.
É anti-inflamatório na osteoartrite, antimicrobiano, antiulcerogénico como coadjuvante no tratamento das úlceras gastroduodenais, carminativo, colagogo, digestivo, estimulante, estomáquico, expectorante, hepatoprotetor e lipolítico diminuindo a agregação plaquetária e a síntese de colesterol.
Vários estudos têm confirmado o seu efeito como quimiopreventivo em vários tipos de cancro: intestinos, mama, ovários ou pâncreas (Cancer Epidemiol Biomarkers Prev.2008; Forum Nutr.2009; Cancer Research 2009; The Journal of Nutritional Biochemistry 2007; Biofactors.2010)
A American Association for Cancer Research associou a utilização de Gengibre em pó ao tratamento das células cancerígenas resultando numa promoção da apoptose (suicídio das células cancerígenas), ou seja, as células morreram quando foram expostas ao composto.
Um outro estudo demosntrou a sua acção terapêutica quando aplicado no combate ao cancro do ovário:
“O Gengibre inibiu o crescimento e modulou a secreção dos factores angiogénicos nas células de cancro do ovário. O uso de alimentos como o Gengibre pode ter potencialidades no tratamento e prevenção do cancro do ovário“.
O British Journal of Nutrition publicou também os resultados de um estudo no qual o extracto de Gengibre (Zingiber officinale) matou as células cancerígenas da próstata, enquanto as células saudáveis não sofreram qualquer alteração. O extracto de Gengibre (100mg/kg) foi capaz de encolher o tamanho do tumor da próstata em 56%.
“A ingestão diária de 100 mg / kg por peso corporal de extracto de gengibre inibiu o crescimento e a progressão de xenoenxertos PC-3 em cerca de 56% em ratos, como demonstrado por medições do volume do tumor. O tecido tumoral dos ratos tratados com o extracto de Gengibre apresentou uma redução do índice de proliferação e apoptose generalizada em comparação com os ratos do grupo de controlo, como determinado pela immunoblotting e métodos de imuno-histoquímicos. O extracto de Gengibre também não exerceu qualquer toxicidade detectável em tecidos normais, que se dividem rapidamente tais como o intestino e a medula óssea“.
Na Leucemia, o Gengibre também tem apresentado resultados muito favoráveis:
O Shogaol (especificamente o 6-shogaol), é um composto do Gengibre e foi este mesmo composto que foi objecto de estudo em 2013, in vitro e in vivo.
Nesse estudo, o Gengibre demonstrou ter capacidade para inibir o crescimento das células cancerígenas e a sua apoptose, ou seja, morte celular programada, sem prejudicar as células saudáveis:
“A potente actividade anti-leucemica do 6-shogaol encontrada tanto in vitro como in vivo no nosso estudo faz deste composto um potencial agente anti-tumoral para doenças malignas hematológicas.”
Mas as propriedades terapêuticas do Gengibre não se ficam pela oncologia…O Gengibre defende-nos contra várias espécies de bactérias resistentes aos medicamentos (Phytother Res. 2013 Mar).
Assim, em forma de conclusão…O Gengibre não apresenta efeitos colaterais significativos, à excepção de possíveis reacções alérgicas, no entanto, a toma de doses elevadas deve ser sempre acompanhada pela orientação de um profissional de saúde com conhecimento da área, principalmente se estiveres a fazer uso de outros medicamentos.
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10178636
- https://www.medicalnewstoday.com/articles/41747.php
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18096028
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21849094